terça-feira, 24 de novembro de 2009

Flores com Sabor a Chocolate




Era uma vez um patinho chamado Ché Ché que adorava nadar no lago...
Era mesmo o que mais ele gostava de fazer na vida!
No lago onde ele costumava nadar havia muitas flores... flores de todas as côres, aromas e formas... flores pequeninas e flores grandes... flores com folhas e sem folhas...
O patinho Ché Ché adorava todas elas! Não conseguia escolher nenhuma em especial porque todas, mesmo todas elas sabiam a chocolate!
Isso mesmo! Eram flores com sabor a chocolate... e por isso mesmo, únicas no mundo!
Um dia, estava o patinho Ché Ché a saborear uma delas, muito docinha, muito saborosa, que se derretia na boca... quando apareceu a mamã Pata! E ela não gostou nada de saber o que o Ché Ché fazia todas as tardes!
- Ché Ché! O que estás tu a fazer? Tu não sabes que as flores não são para comer?!
- Mas mamã, elas são tão saborosas... - choramingou o patinho...
- Ché Ché, não digas disparates! As flores nunca foram boas para comer. As flores servem para cheirar, colocar em bonitas jarras, para oferecer a alguém de quem gostamos muito, para alegrar e colorir o lago... mas nunca, nunca para COMER!
- Está bem, mamã! Nunca mais vou comer flores... prometo!
A mamã ficou descansada, quando o Ché Ché prometia uma coisa, ele cumpria sempre! Era um bom patinho!...

Mas os dias foram passando e o Ché Ché achava cada vez mais difícil cumprir a promessa feita à mamã! As flores do lago cheiravam tanto a chocolate!... E era um cheirinho tão bom... Se ele ao menos pudesse comer só uma... uma bem pequenina... uma que estivesse bem escondidinha no meio das outras flores, tapada pelas folhas...
E então, um dia não resistiu mais! Ele não queria desobedecer à sua mãe, não gostava nada de fazer isso, mas não conseguia estar nem mais um dia sem comer uma florzinha que fosse!
Sem que ninguém visse, abeirou-se de umas flores violetas bem na beirinha do lago, aproximou o bico, esticou-se um pouco, e... zás! Puxou uma bem pequenina e saboreou-a mesmo ali! Ah! Como lhe sabia bem! Talvez pudesse comer só mais uma, elas eram tantas que ninguém ía dar por ela! Atrás de uma, foi outra e depois mais outra e outra... Estava satisfeito!
Mas, de repente, alguém o chamou:
- Ei! Tu aí! Patinho maroto! Como te atreves a comer as flores do lago?
- O quê?! Quem me está a chamar? - Devo ter comido flores demais, estou a ouvir vozes!
- Ei! Sou eu! A abelha mestra da minha colmeia! Tu não sabes que nós, as abelhas, precisamos das flores, do seu pólen para fabricarmos o mel?!
- O mel?! As abelhas?! Estás a falar a sério, abelhinha?
- Claro que estou! Claro que estou! A nossa sobrevivência depende disso! Nós, as abelhas, vivemos para fabricar o mel, fundamental para todas as pessoas! E sem nós fabricarmos o mel, as flores não se reproduzem! Nós, as abelhas de todo o mundo, levamos as sementes das flores de um lado para o outro e, assim, as flores nascem em todo o lado!
A não ser que hajam patos gulosos que teimem em comer TODAS AS FLORES! A não ser que os patinhos de todo o mundo desobedeçam às suas mamãs e façam tudo ao contrário do que lhes prometeram, a não ser que...
- Ei! Pára! Chega! Já entendi! Eu não como mais flores! Prometo!
- O quê? Tu o quê? Prometes? Mas tu sabes que uma promessa feita tem de ser cumprida???? Tu nem à tua mãe obedeces! - disse a abelha mestra zangada.
- Bem... Tens razão... Tenho sido um patinho muito feio e desobediente! Não vai voltar a acontecer! Olha, a partir de hoje vou transformar-me no "Patinho Ajudante das Abelhas"!
- Muito bem! Acredito em ti! Vais vêr que não te vais arrepender!
A partir desse dia, o Ché Ché nunca mais comeu nenhuma flor! Como retribuição pelo cumprimento da sua promessa, as abelhas traziam-lhe o mel mais delicioso e docinho que as suas colmeias conseguiam fabricar!
O Ché Ché nunca chegou a contar à sua mãe que tinha quebrado a promessa feita... mas, às vezes, quando o arrependimento é verdadeiro e sincero, tudo é perdoado! Afinal, ele nunca mais comeu nenhuma flor com sabor a chocolate, mesmo!

Vitória, vitória, acabou-se a nossa história!

domingo, 22 de novembro de 2009

O Dia em Que o Senhor Vento ficou triste...


Um dia, o Senhor Vento acordou triste... Muito triste, mesmo... Ele pensava em todas as coisas bonitas que havia à volta dele e ficava ainda mais triste!
As flores alegravam toda a gente e perfumavam o ar, os passarinho chilreavam todo o dia e as borboletas enchiam o céu com as suas côres e voos saltitantes! Os rios corriam para o mar e ajudavam os peixinhos a crescerem fortes e saudáveis... A chuva, quando aparecia, fazia com que todos se alegrassem e viessem beber as suas gotas fresquinhas... O sol fazia sempre todos sorrirem ao sentirem aquele calorzinho simpático no rosto, nas folhas...
E ele, o Vento? Para que servia? O que fazia? Porque é que haviam de precisar dele?
Quanto mais pensava nisso, mais triste se sentia e escondeu-se atrás de uma pedra cinzenta e grande! Ali, nunca mais ninguém ía encontrá-lo... Podia ser que, ao fim de algum tempo, já ninguém se lembrasse que ele existia!...
O dia passou, a Lua fez a noite ficar mais iluminada... E um novo dia nasceu!
E ninguém nem nada o encontrou!
Passou por ali uma sementinha de flôr, redondinha, tão pequenina que ao Senhor Vento lhe pareceu quase um grão de poeira...
E a sementinha olhou para o Senhor Vento e perguntou:
- Bom dia, senhor Vento! O que faz aí tão quietinho?
- Hum... Eu... Bom... Mas tu conheces-me?! Como sabes quem eu sou?!
- Como sei?! Senhor Vento, se não fosse o senhor, ninguém da minha família existia! Eu própria não seria uma sementinha, que em breve se transformará numa linda flôr, colorida, perfumada, e então as abelhas não poderiam pousar em mim para levar nas suas patinhas o pólen para fazer o mel delicioso, as borboletas não teriam onde pousar para descansar nos dias mais atarefados...
- Meu Deus! Como tu tens uma imaginação fértil, pequena Sementinha! E o que é que eu tenho a vêr com tudo isso?
- Senhor Vento!!! Pois se é graças a si que nós, as sementinhas de todo o mundo, de todas as espécies de plantas e flores e árvores viajamos, arranjamos sítios apropriados para germinar e crescer e florir e viver! Aliás, agora me lembro! Há dois dias que nós não conseguimos mudar de lugar! O que lhe aconteceu Senhor Vento? Porque é que deixou de soprar? Está doente?
O Senhor Vento parou por um instante, reflectiu e compreendeu!
- Pequena e sábia sementinha! Há dois dias eu não compreendia como tudo se encaixa na perfeição... Há dois dias que eu não sopro, não me mexo porque... bom, porque... se calhar eu estava mesmo um bocadinho doente!
- A sério?! Isso não pode acontecer! Seria uma catástrofe!
- A partir de hoje não te preocupes mais pequena sementinha! Nunca mais eu deixarei de soprar, uns dias forte, outros numa brisa suave e terna... e tu poderás viajar para onde quiseres e desejares e poderás transformar-te numa linda flôr que eu acariciarei quando passar por ti!
- Senhor Vento! Obrigada!
- Eu é que te agradeço, pequena e sábia sementinha! Adeus!!!
E o Senhor Vento levantou-se, soprou uma brisa tão suave que todas as plantas se ergueram baixinho e sorriram... Depois, levantou-se com mais força e rasou por toda a Terra, num abraço quente e forte, como que a querer dizer:
" Ei! Eu estou aqui para vos ajudar a crescer... Poderão contar sempre comigo!"

Vitória, vitória, acabou-se a nossa história!

sábado, 21 de novembro de 2009

A Estrela que deixou de brilhar...


Era uma vez uma Estrelinha que brilhava tanto, tanto, tanto que todas as outras a adoravam!
Ela tinha um brilho especial, que fazia todas as outras brilharem ainda mais um bocadinho...
Um dia, a Estrelinha, sem saber bem como nem porquê, deixou de brilhar... por mais que se esforçasse, não conseguia sequer emitir uma luzinha que fosse! E, nesse dia triste, a Estrelinha começou a chorar baixinho...
Uma estrelinha pequenina ao seu lado perguntou:
- Porque choras Estrelinha?
- Eu, eu já não consigo, eu já não sei ser uma estrela! Deixei de brilhar!
- Mas, tu já experimentaste tudo, assim com muita força?!
- Acredita! Experimentei tudo! O que vou fazer?
- Olha, fecha os olhos e deseja com muita vontade!
A Estrelinha assim fez... desejou tanto, tanto brilhar outra vez que ao abrir os olhos, até acreditou que tinha conseguido! Mas não! Continuava uma estrelinha sem luz, sem brilho... E voltou a chorar...
A outra estrelinha, muito pequenina, disse-lhe:
- Espera, eu vou ajudar-te! Vou falar com a Lua! Ela sabe sempre tudo!
Quando voltou, a estrelinha pequenina trazia uma solução muito simples...
- A Lua disse-me que bastava que tu... que tu...
- Que eu o quê, estrelinha? Diz-me, por favor!
- Bem, é que parece um disparate! Mas a Lua disse que bastava cantares uma canção todos os dias! Pronto, foi isso!
- Cantar uma canção todos os dias?! A sério?!
Então a Estrelinha pensou que há muito, mesmo muito tempo que ela não cantava uma canção... Ela, que adorava cantar!
E foi então que a Estrelinha cantou:
"Brilha, brilha cá no céu...
E Estrelinha que sou eu!
Tu estás mesmo aqui ao lado,
Fica o céu iluminado...
Brilha, brilha cá no céu
A Estrelinha que sou eu!"
E então, a Estrelinha brilhou tanto, tanto, tanto que todas as outras fecharam os olhos! E ali ficou, com a estrelinha pequenina encostadinha a ela, todos os dias!
E o céu ficou tão bonito e iluminado que a Lua adormeceu profundamente, sabendo que a Estrelinha nunca mais ía deixar de brilhar!

Vitória, vitória, acabou-se a nossa história!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A Maçã que queria ser uma Pêra...


Era uma vez uma maçã que queria muito ser uma pêra!
Durante a noite, abanou-se, abanou-se, abanou-se e conseguiu cair ao chão!
Despediu-se das suas irmãs maçãs e... rolou e rolou e rolou e rolou até chegar ao pé de uma linda e viçosa Pereira!
Como ela queria ser uma Pêra!... Ah! Se ao menos pudesse subir sem que ninguém percebesse...
E então... pulou e pulou e pulou até conseguir chegar ao raminho mais baixo e ali se aninhou!
Que cheirinho delicioso, a pêras madurinhas e apetitosas!
De manhã, a Pereira perguntou:
- Quem está aí, aninhadinho junto à minha perinha mais pequenina?
A maçã tremeu de medo! E se a Pereira não a quisesse lá? E se as outras pêras não gostassem dela? Nunca tinha pensado nisso...
E, muito a custo, lá respondeu:
- Sou eu... a Maça vermelhinha do pomar...
- E o que fazes aqui? - perguntou a Pereira;
- Eu... eu... eu gostava muito de ser uma Pêra!
- E porquê? Tu não gostas de ser uma maçã?
- Bem, eu gosto, só que gostava muito de ser uma perinha! São tão saborosas e elegantes!
- Mas tu já pensáste que assim nunca mais vais vêr as tuas irmãs maçãs?! E nunca mais vais poder voltar para a Macieira?!
- Pois... agora que falas nisso... já não sei bem o que fazer...
- Eu acho que devias voltar e fingir que nada disto aconteceu... não te parece?
- Sim, é melhor! Obrigada Pereira! Gostei muito de te conhecer, sabes?
- Eu também, maçazinha simpática! Até um dia destes!
- Adeus! - disse a Maçã, na verdade um pouco aliviada...
E lá se abanou, abanou, abanou e, caíu ao chão!
Depois rolou e rolou e rolou e rolou e chegou junto ao tronco da Macieira!
E saltou e saltou e saltou até se aninhar junto à maçã do ramo mais baixinho que encontrou!
E lá se aninhou, adormecendo profundamente! Como se sentia bem, ali junto de quem tão bem a conhecia!
Tudo está bem quando as coisas estão no seu lugar!

Vitória, vitória, acabou-se a nossa história!